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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ÉTICA

Muito se fala sobre o uso da Inteligência Artificial (IA), atualmente, ela já faz parte do nosso cotidiano

06/11/2024 às 11h39 Atualizada em 07/11/2024 às 21h31
Por: Movimento Internacional de Juventudes
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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ÉTICA

Por: Silveline Pereira - Professora, revisora textual e mestranda em Linguística (UESPI).

Muito se fala sobre o uso da Inteligência Artificial (IA), atualmente, ela já faz parte do nosso cotidiano — desde a busca por um endereço com o auxílio do GPS, movido por IA, até a produção de imagens e textos. O que pouco se discute, ainda, é como essa tecnologia pode afetar a ética e a criatividade humana, uma vez que muitas pessoas deixam de produzir seus próprios conteúdos para “copiar e colar” do ChatGPT, do Gemini, ou do Copilot, entre outros.

Isso é um alerta para o mundo da arte e da criação, considerando que muitas pessoas assumem uma autoria de algo que não é seu, o que leva a uma discussão ética. Pois, quando alguém usa algo sem autoria própria, mas assume que é seu, isso pode ser considerado plágio, o que é um crime.

Um exemplo recente foi de uma editora brasileira que utilizou IA para produzir a capa de uma edição de Alice no País das Maravilhas. Até aí, tudo bem — não é proibido usar IA. O problema foi usar essa capa para fins comerciais sem deixar claro que se tratava de uma criação feita por Inteligência Artificial, muitos clientes podem comprar acreditando que as ilustrações são feitas por artistas reais. Após uma série de críticas e comentários nas redes sociais, a editora admitiu o uso de IA. A pergunta que fica é: por que não incluir essa informação antes? Enganar o leitor é algo um pouco problemático, não é?

Além disso, o uso da IA ​​na educação traz sérios problemas éticos, desde a formação de profissionais com Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) feito ou revisado pelo ChatGPT. Imagine a delicadeza dessa questão: você confiaria em fazer uma cirurgia com um médico "formado pelo ChatGPT"? Esse é um assunto que deve ser debatido frequentemente entre os jovens, para que tenham consciência de usar a IA como apoio, assim como já usamos o YouTube e o Google Acadêmico para apoiar nossos estudos, e não como substituto de nossas responsabilidades, como a realização de trabalhos e pesquisas escolares.

Outro dia, vi uma publicação que dizia: "Quero que a IA lave minhas roupas e louças para que eu possa fazer minha arte e escrever, não o contrário." Peço desculpas por não saber a autoria da frase, mas ela revela uma verdade: a IA pode ser uma aliada em tarefas complexas ou repetitivas. De acordo com Costa (2024), a IA pode ajudar na edição de textos — não apenas acadêmicos, mas também textos cotidianos, como e-mails, convites, avisos e mensagens personalizadas. Entretanto, não queremos que a IA nos substitua no processo de escrita, na reflexão, no pensamento, ou na criação artística. Imagine se Van Gogh tivesse terceirizado sua arte para uma IA; hoje não desfrutaríamos de seus belos girassóis nas exposições ao redor do país.

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